domingo, 13 de dezembro de 2009

CICLOCROSS EM "ALTO" NÍVEL

Ontem fui de estrada e como não atendi os telefones na noite de Sábado pensei que ia encontrar a malta toda. A subida do arrebentão atrasou-me com vento de frente e a descer prá cidade foi sempre devagarainho, tava uma ventania do caneco. Cheguei à cidade já depois das 8H30 e não vi ninguém. Fiz vários telefonemas e ninguém atendeu. Arraquei e pus-e a andar em direcção à relva para fazer a volta ao concelho.
Estava eu a pensar na mega seca que ia apanhar num nevoeiro cerrado, sem luzes, quando de repente lembrei-me de fazer um ciclocross, coisa que já há muito tempo que penso fazer mas a falta de tempo não tem permitido. Só faltava escolher o trilho, e que tal aquele que já ando para fazer há uns tempos, a descida dos 3 kms? Porque não de estrada? "Só se não for..."


Pus-me a caminho da vista do rei e a perspectiva de voltar para a lama era entusismante porque isto de andar de estrada é tudo muito limpinho, lol! Antes de iniciar a descida parei junto ao Hotel para atavio e verificar o material. Fazia uma ventania dos diabos e um frio de rachar. Protectores em neoprene para os sapatos da Pro foi a melhor compra que fiz nos últimos anos, mantêm-me os pés sempre quentes e uma luvas de caça submarina da Omer foi uma excelente opção para um dia como este, aliás vou passar a usara a partir de agora, são finas, têm partes abrasivas para segurar bem, são baratas e mantêm as mãos sempre bem quentes, não tem nada a ver com essas tretas de luvas para ciclistas «xpto» super caras e um gajo anda sempre com as mãos geladas!
Só tinha uma câmara de ar, o risco de furar era enorme, estava longe de casa para caneco, a possibilidade de apanhar uma boleia era remota, já passava das 10 e logo no dia da festa da escola do puto em que fiquei de chegar mais cedo; se me atrasasse comia com a frigideira pelos queixos abaixo, lol! Está tudo contra, não há um nadinho de nada a meu favor! Parece que não é boa ideia arriscar, pelo menos hoje, se calhar é melhor deixar para outro dia e aquela câmara de ar é manifestamente insuficiente, devia ter trazido umas quatro pelo menos, e depois...pensando bem, se calhar...não é tarde nem é cedo...
Que se lixe!
BORA LÁ! Lama com fartura!

Mal comecei a descer os 3 kms percebi logo que a S-works não era a melhor bike para descer aquilo. Mas, segundo ouvi dizer, os engenheiros da specialized nas acções de formação de mecânicos levam o pessoal para as canadas da california para eles perceberem bem a dinâmica descendente daqueles quadros de estrada, "penso eu de que!" É claro que desci com cuidado e escolhi sempre as partes cicláveis com a roda de trás a derrapar para os lados nas partes mais inclinadas mas o que me preocupava era um derrapanço com a roda da frente. Rapidamente adaptei-me àquele tipo de condução e quando estava a gostar....

Uma mega derrocada impediu-me de continuar. Os 3 kms ficaram reduzidos a menos de 300 mts. A lama atulhava-se até aos joelhos e não dava para contornar por fora porque aquilo descia a pique a uma altura duns 20 mts. Por outro lado, volta-e-meia caía mais lama, aquilo estava mesmo instável. Estava lá mum gajo com uma mota de cross, tinha tentado atravessar e ficou atulhado na lama e ele só dizia que a mota "estava afogada" e há uma hora que tentava pô-la a trabalhar mas não conseguia. E eu a pensar: afogada? só se for na lama porque aquela mota parecia um pedaço de lama com um guidor na ponta! Também estava lá um TT mas como n tinha marcha à ré também não conseguiu sair dali. Quem se foi embora fui eu antes que aquilo desabasse tudo e acabei por fazer a cumeeeira até ao cruzamento o da Várzea. Foi um trilho menos radical mas muito interessante e quando pensamos que sabemos andar de bicicleta, de repente, apercebemo-nos que não passamos de uns maçaricos! Aquela rígidez não perdoa, qualquer irregularidade repercute-se na condução, exige correcção pronta e imediata senão é uma queda certa!
Foi uma excelente oportunidade para estimular os músculos de equilíbrio que são normalmente recrutados quando os outros dão o berro por exaustão, substituindo-os, e são aqueles que permitem, por outro lado, potenciar ao máximo a força dos musculos solicitados para aplicar toda a energia no pedal. O binómio força e técnica costitui uma relação indispensável para quem quer transformar a energia em velocidade com o mínimo de perdas.




Parece que estava tudo a favor, nem o vento faltou.



As rajadas não paravam mesmo nos sítios abrigados.

Finalmente a descida da Varzea, mal sabia onde me ia meter! Nunca apanhei muma ventania daquelas numa bike de estrada, mas valeu a pena a lição. Nas provas temos tendência para esticar sempre um bocadinho mais e o pior é não sabermos exactamente onde ficam os nossos limites. Já uma vez vi um ciclista sair borda fora para dentro do mato num dia de chuva, na prova de VF na descida para as Furnas, se fosse contra uma árvore riscava o carbono, lol!
É claro, ainda faltava a famosa carga de água prevista para as 11 mas só veio ao meio dia mesmo antes de chegar a casa. Foi mesmo a tempo de tirar a lama toda da bicicleta. Ficou tão lavadinha que nem lhe mexi mais.

8 comentários:

  1. Grande louco, muito boa volta sim sr. só mesmo tu para te meteres com este tempo por caminho desses.

    Um dia dstes compramos uma caixa de camaras e "bora lá..." começa a pensar nisso pois dias para isso não irã faltar nas proximas semanas...lol

    Abraço,

    Luis Almeida

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  2. Grande kadete...

    Quem mais para lembrar-se de uma volta dessas...

    é uma onda cada vez mais cresente no panorama do ciclismo. a´própria Rabbobank criou uma equipa exclusica de Ciclocross e as marcas cada vez mais apostam em bikes específicas. A Pinarello tem, e a Giant entre outras. Variam um pouco a geometria e levam outro calçado..

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  3. O kadete não tinha material novo para test-drive (esgotou todo o que havia no mercado) e pôs-se a testar o que tinha em casa... lolol

    Grande maluco. As cumeeiras fazem-se bem de estrada. Eu próprio já fiz, se bem que com um tempo bem melhor ;)

    Abraço!

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  4. Levy: Gostava ver esses quadros de ciclocross, manda uma foto da pinarello e faz um post.
    Jorge: o troço entre a vista do rei e o cruzamento da várzea faz-se bem, agora o resto não recomendo, mas faz-se com bastante cuidado. Mas é coisa para partir um gajo todo. Ontem mal arrefeci começou-me a doer as costas todas, especialmente entre as clavículas e omoplatas para não falar dos braços e antebraços que tiveram que se aplicar para amortecer os impactos. Imagino o que será fazer a cumeeira toda!! Já agora, e a propósito de test-drive, a S-works portou-se lindamente!

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  5. Só fiz esse troço que fizeste. O resto, goste demais da minha bike para a colocar lá ;)

    Essas dores são derivadas da idade e não do tipo de piso ou bike.... lol

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  6. Hê Kadete não te ponhas a inventar. lol
    Realmente nunca faria uma coisa desta á minha bicla de estrada, acho que a bicha partia-se toda. Mas curti a atitude, ousada como a malta gosta. Lol

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  7. E ainda dizem que não há malucos! lol Mas gostei da ousadia!!

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  8. Eu só imagino o que passou pela cabeça do motard quando, em plena tempestade e no meio do lodo, viu um gajo de licra, com uma bicleta de estrada (sozinho) a passear como se nada fosse por entre motas e jeeps atascados!!!

    Fucking insane!!!

    Foi uma atitude triple XXX, puro hardcore!!!!

    Parece que já estou a ver o Ludo com a sua tarmac com as mavic carbon...ou Levy com a pinas...a querer experimentar o mesmo eh ehehe!

    Grande Kadete!!!

    Um abraço

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